*Resenha Especial - Sábado*
Livro: As Crônicas de Nárnia - Volume 7 - A Última Batalha
Autor: C. S. Lewis
Editora WMF Martins Fontes
Páginas: 216
Chegamos ao fim do último livro das crônicas de Nárnia, a última batalha acontece numa era em que toda a Nárnia parece coberta por trevas, Tirian o último rei de Nárnia e descendente de Caspian, tem a ajuda dos corajosos Eustáquio e Jill em sua última missão por Aslam e por Nárnia numa cruel batalha contra os calormanos, uma batalha que decidirá e colocará um ponto final em toda a história de Nárnia.
Lewis nos começa apresentando o maquiavélico macaco Manhoso, um sujeito manipulador e oportunista que ao encontrar uma pele de leão boiando num lago obriga seu amigo, se é que podemos considerá-lo amigo, o asno Confuso, um humilde, covarde e ingênuo narniano, a usar como vestimenta e se passar pelo divino leão Aslam.
Graças ao seu plano ardil, Manhoso consegue convencer os narnianos que Confuso é Aslam, mostrando a eles um falso Deus e, junto dos calormanos, estes que sempre foram inimigos de Nárnia, acaba pela sua ambição fazendo com que as crenças dos narnianos sejam testadas manchando a imagem de Aslam e instituindo uma falsa soberania.
Devido a todo plano de Manhoso temos diversos narnianos humilhados e escravizados achando que estão fazendo aquilo que Aslam desejara, mostrando como os seguidores de Aslam por mais confusos que estejam sempre se mostraram fiéis ao leão a ponto de pessoas oportunistas usarem desta crença para seu bem próprio lucrando e tirando proveito dos devotos, até tem um ponto em que é dito que Aslam e o deus dos calormanos Tash são o mesmo ser, tudo para ludibriar tanto os narnianos quanto os calormanos que haviam vindo a Nárnia, diferente dos demais guerreiros, somente para comércio e afins.
Dado toda a sequência de fatos, Tirian e seu melhor amigo Jewel o unicórnio, acabam sendo ajudados por Eustáquio e Jill que voltam a Nárnia para ajudar o rei na batalha contra os calormanos e Manhoso, dentro de toda a aventura e das diversas atrocidades que acabam acontecendo algo único que vemos é através de uma súplica que Tirian faz antes de Eustáquio e Jill aparecerem. Ele num sonho acaba pedindo por ajuda e nisso acaba tendo a visão dos sete amigos de Nárnia, Pedro, Edmundo, Lucia, Eustáquio, Jill, Polly e Digory que estavam reunidos para debater sobre suas aventuras por Nárnia, nela vemos como todos, com exceção de Susana que se afastara do grupo, estão mais velhos e estão vivendo depois que acabara suas aventuras por Nárnia.
Toda essa última aventura se passa em tempos sombrios, sendo o livro com conteúdo mais pesado e um pouco mórbido dentre os outros, temos uma Nárnia mais decadente se aproximando de seu fim, até as ações que os personagens tomam são mais severas e sanguinárias como se não houvesse esperança e sua última atitude fosse sempre desesperada e sem mensurar as consequências que as levam.
Este livro é como uma versão do Apocalipse da bíblia cristã, retratando a falta de fé, o culto a falsos deuses e tudo que levou ao fim de Nárnia, vemos o pior lado dos narnianos e como os calormanos são cruéis, vemos Tash em sua verdadeira forma e como ele é o oposto de Aslam. Quando o leão finalmente surge na história é para dar um ponto final a tudo que conhecemos durante toda esta saga, trazendo o fim de Nárnia numa das cenas mais impactantes e fantásticas de todas, sendo o exato antônimo do que ocorre no primeiro livro, o sobrinho do mago.
Aslam nos mostra por fim qual a resolução de todos seus planos, cumprindo todas as promessas que havia feito durante toda a saga de livros e nos contando tudo que se há de saber, mostrando como de fato é a verdadeira Nárnia e todos aqueles que foram merecedores de alcançá-la, durante todas as crônicas, já lá viviam plenamente.
Para conclusão de toda a saga das crônicas de Nárnia este é um dos livros mais emblemáticos, mostrando tudo de pior e melhor que a terra de Nárnia tem, mostrando quão ruim alguém pode ser e como alguns acabaram recebendo a redenção divina e ascenderão para algo além do meio físico.
Durante toda esta jornada vemos Nárnia ir do Gênesis ao Apocalipse, do começo ao fim, de algo a nada. Uma excelente série, muito direcionada a fé na religião imposta pelo leão e seus súditos, e colocando os humanos no papel da realeza que sempre guia seu povo rumo ao amanhã, uma série de crônicas com grande imersão em seu mundo, durante toda a trajetória ouvimos histórias do deserto da Calormânia até Além-Mar depois das Ilhas Solitárias, vimos deuses e criaturas mágicas, espíritos e animais falantes, duelos e guerras, do alto das montanhas até o subterrâneo, Nárnia é uma versão paralela à Terra como a conhecemos, com suas culturas e costumes, e povos dos mais variados tipos.
Lewis com sua caprichosa escrita nos fez viajar pelas páginas, nos fazendo sentir a sensação de montar no lombo de um enorme leão, voar nas costas de uma coruja, velejar por oceanos de água doce e sentir a relva e os cheiros das florestas narnianas. Para finalizar deixo uma das frases mais impactantes desse livro nos dando a esperança de que mesmo quando tudo acaba talvez não seja o fim, mas sim, o início de algo ainda maior.
"Lembre-se de que todos os mundos chegam ao fim. E uma morte nobre é um tesouro que ninguém é pobre demais para comprar." - As Crônicas de Nárnia - A Última Batalha - C. S. Lewis.
Autor da resenha: R.N.J.